Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
blog sobre "Os Portugueses Descobriram a Austrália? - 100 Perguntas sobre Factos, Dúvidas e Curiosidades dos Descobrimentos", de Paulo Jorge de Sousa Pinto
Apanhado à má-fila por um ameaço de gripe (daqueles empatas que nem se declaram sem desopilam), dediquei várias horas deste domingo a ler, com grande interesse, o livro de Peter Trickett Para Além de Capricórnio, sim, esse mesmo, o tal dos portugueses a descobrir a Austrália. E sim, confesso que nunca o tinha lido com a atenção que merece. Ah! não, não fiquei convencido das suas teses, pelo contrário. Cada vez mais pelo contrário. O que até ao momento era apenas uma tese com pés de barro - embora com fama mundial - passa a ser, à medida que me embrenho na leitura, uma sucessão de disparates, ignorâncias, deduções infantis e muitos, muitos arames, fita cola, cuspo e marretada em barda. Estou simultaneamente divertido e assustado: como é possível tal coisa ser tomada, considerada, divulgada e, em muitos casos, ardentemente defendida como tese credível? Não estou a falar à hipótese (aliás, muito provável) de que portugueses tenham visitado o continente australiano no século XVI; falo, sim, da tese do livro, da viagem de Cristóvão de Mendonça e de mais uns quantos aspetos. Vou continuar a ler. Espero que tenha sido apenas um mau começo. Mas para aperitivo, fica já esta pérola, a explicação do que era um alcaide [do árabe al-qadi, "o chefe", ou seja, o comandante militar e responsável pela fortaleza de uma cidade ou vila]:
"O termo «alcaide» trai as suas origens mouras: embora a palavra portuguesa seja escrita no alfabeto romano, é pronunciada exatamente da mesma maneira que o árabe al-Qa'ida, tornado infame no século XXI por Osama bin Laden. O melhor equivalente talvez seja «a Organização», neste caso a Organização dos Nobres do Rei, a quem foi confiada a defesa do Reino." (p. 81 da ed. portuguesa).
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.