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A propósito da morte de Mandela

por Paulo Pinto, em 06.12.13

Na pergunta 22, "O que aconteceu a Bartolomeu Dias?" (pp. 82-84), o texto menciona as comemorações dos 500 anos da chegada do navegador a Mossel Bay, a 3 de fevereiro de 1988. Muito havia para dizer acerca do assunto. O Diário de Notícias do dia seguinte fez eco do que se passou, cá e lá. Em Portugal houve sessão solene na Assembleia da República. Mário Soares discursou, assim como representantes de todos os partidos. É sempre divertido ver a evocação que os políticos fazem da História. Hoje e ontem, agora e sempre, dizem sempre mais sobre eles próprios e as suas preocupações do que sobre a época que pretendem (e julgam) evocar. Soares falou da "vitória da vontade contra o fatalismo, da razão contra a superstição, so conhecimento contra o preconceito", sem deixar de mencionar "a singularidade do génio português" e a sua "tradição de universalismo e de fraternidade". Quanto aos deputados, enfim, ressalvo no livro a curiosidade de ver o PCP a falar da necessidade de "prosseguir a obra dos intrépidos das caravelas" e o CDS a denunciar o apartheid.

Mas o mais interessante passava-se lá, na África do Sul. O enviado do DN Guilherme de Melo conta como foi: 200 mil pessoas a assistir à reconstituição da chegada de uma caravela e do desembarque dos portugueses. E cerimónia oficial com pompa e circunstância, com o presidente Pieter Botha a discursar em africaans, hinos, cânticos, danças folclóricas, ginástica, espetáculo aéreo, largada de 500 pombos brancos. E um grande orgulho e empenho da comunidade portuguesa, como seria de esperar. Entre os convidados portugueses, o bispo do Funchal e o presidente da câmara de Lisboa Krus Abecassis, assim como o comandante Serra Brandão, que presidia à então Comissão do V Centenário. Há um vídeo amador no youtube, aqui. Bom. O que foi notícia, porém, não foi nada disto. Foi um pormenor, enfim, significativo e embaraçante (para Portugal, evidentemente): Mossel Bay era uma praia whites only. Um recente incidente envolvendo um político local levou a que negros e mestiços boicotassem a iniciativa. Portanto, toca de mascarrar uns quantos brancos e pô-los a fazer de "indígenas", na alegada reconstituição (v. recorte). Lindo.

Eu estava no 3º ano de curso. Sim, um ano depois das confusões em Letras. Numa aula de História de Portugal, o nosso velho mestre António Borges Coelho fazia um "tsc tsc" e dizia com ar simultaneamente divertido e amargurado que o envolvimento de Portugal naquela "fantochada" era uma vergonha nacional. E que as comemorações dos Descobrimentos arrancavam com o pé esquerdo. Na altura não percebi. Como em tantas outras coisas, só depois, só depois.

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publicado às 22:43

Reprise

por Paulo Pinto, em 04.12.13

O José Figueiras deve ter gostado de mim. Hoje lá vou eu outra vez ao "Alô Portugal", na SIC Internacional. Rezo para que não me perguntem, mais uma vez, "então, foram os portugueses que descobriram a Austrália?".

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publicado às 10:47

No Sapo

por Paulo Pinto, em 03.12.13

E eis que o livrinho está no cabaz de Natal do Sapo, no desafio "As Vossas Leituras". Ao lado do Gonçalo M. Tavares, do Pedro Vieira e do Saramago, uau.

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publicado às 15:30



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