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almas ameríndias, polifonias e "A Missão"

por Paulo Pinto, em 29.11.13

Pergunta 78: "É verdade que se acreditava que os ameríndios não tinham alma?" (pp. 242-245). Diz-se a certa altura por lá que "O exemplar mais antigo de polifonia vocal publicada no Novo Mundo (no Peru) é de 1631: chama-se “Hanac Pachap” e é uma oração em louvor à Virgem, em língua quechua, «para que a cantem os cantores nas suas procissões, ao entrar na igreja»". Para quem estiver interessado em ouvir, coloquei a música no Jugular há uns tempos, com um textozinho explicativo. O link que lá consta está inativo, mas está aqui outro. E quem quiser conhecer a obra em causa, o Ritual formulario, e institucion de curas, para administrar a los naturales de este reyno, los santos sacramentos del baptismo, confirmacion, eucaristia, y viatico, penitencia, extremauncion, y matrimonio, : con aduertencias muy necessarias. Por el bachiller Iuan Perez Bocanegra, presbitero, en la lengua quechua general: examinador en ella, y en la aymara, en este obispado. Beneficiado propietario del pueblo de San Pedro de Antahuaylla la chica, basta ir ao livro e procurar na pág. 326, nota 30 (pronto, pronto, é este).

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publicado às 16:59

canto do rescaldo

por Paulo Pinto, em 20.11.13

A segunda música é o "canto dos torna-viagem", do José Mário Branco. A música que sintetiza na perfeição a ressaca do Império, a saga dos que foram e regressaram, dos que lá estavam e dos que lá ficaram. Tudo a 3 vozes, em 3 dimensões, as grandezas e as misérias, a "Pátria moratória no coração da História". Podia ser acompanhada por aquela foto de 1975, do cais do porto de Lisboa atulhado em mercadorias dos "retornados", com o Padrão dos Descobrimentos ao fundo. E a reflexão que, penso, está ainda por fazer, no Portugal Amnésico, rendido primeiro à Europa e, mais recentemente, à crise, sobre o nosso passado glorioso e miserável, o balanço dos nossos heróis e das nossas brutalidades, "Tentemos então ver a coisa ao contrário / Do ponto de vista de quem não chegou / Pois se eu fosse um preto chamado Zé Mário / Eu não era quem eu sou".

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publicado às 15:00

Urumi

por Paulo Pinto, em 17.11.13

É o nome do filme de onde vem a primeira destas músicas. É mencionado de forma breve no livro, mas merecia longas e repetidas reflexões. Por vários motivos. O primeiro é que se trata de uma enorme produção indiana (do Kerala, melhor dizendo), de 2011, um grande sucesso por lá, e que ninguém conhece aqui pela nossa terrinha. Addicted à produção de Hollywood, agarradinhos ao inglês e às estrelas, os portugueses ignoram, com um misto de condescendência colonial e de snobismo chique, o(s) cinema(s) indiano(s), olhado como "só dancinhas e cantiguinhas". O segundo - e o mais importante para o fim em causa - é que é sobre Vasco da Gama, melhor, sobre um homem que queria matar Vasco da Gama. O grande herói nacional - e os portugueses de um modo geral - é o vilão da história, tirânico, odioso, cruel. O terceiro, é que é uma espécie de ode "nacionalista" ao Kerala e ao "país dravídico", num país cheio de particularidades regionais. Existe em 3 línguas diferentes, malaiala (do Kerala), telugu (de Andhra Pradesh) e tamil (do Tamil Nadu); sim, "indiano" não é língua. Parece que irá sair em breve uma versão em hindi e outra em inglês.

O filme está cheio de incorreções históricas (para não dizer disparates), mas isso pouco importa. Importa, sim, perceber como é elaborado o discurso de elogio à terra e como Vasco da Gama é tomado como precursor do domínio colonial europeu. E, já agora, entender outras formas de fazer cinema, se bem que esta esteja bem adequada aos cânones internacionais: produção de excelência, magnífica fotografia, paisagens de tirar o fôlego, banda sonora excelente. Algumas boas interpretações, também (outras nem por isso). E os tiques que nos causam estranheza, as tais "danças e cantigas" quando menos se espera. De resto, percebe-se que está ali uma corda sensível da identidade nacional; de várias identidades, "deles" e "nossa", basta ver os comentários que estão no link do youtube abaixo, com portugueses a dizer que os nossos antepassados não eram nada assim e outros a replicar que "You assholes were the worst of the imperial scum that came out of europe during that time".

A obra está disponível no youtube, integral (em versão telugu, de onde retirei a música) e sobre a mesma incidem outros pormenores interessantes, como um plágio à Loreenna McKennitt. (V. página da Wikipedia para mais informação).

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publicado às 19:28

2 músicas

por Paulo Pinto, em 16.11.13

Este livro foi escrito com duas músicas a ecoar nos ouvidos. Duas músicas que não conhecia, de que tomei conhecimento no decorrer da escrita, que não me sairam da cabeça durante muito tempo e que associo, e sempre associarei, ao livro e ao tempo que lhe dediquei. Cada uma delas, a seu modo, marca um pedaço dele. Tão diferentes e tão semelhantes. Pode parecer estranha, a associação. Depois explicarei, com vagar, o que são e como foi.

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publicado às 23:19

primeira incursão pós-parto

por Paulo Pinto, em 03.11.13

...a propósito da pergunta 86, "por que razão "chá" só existe na língua portuguesa?" (tirado daqui)

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publicado às 17:59



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